domingo, 11 de janeiro de 2009

O caderninho.

Pois bem, ganhei um caderninho não consumível, desses sem linhas, com atributos de uma agenda.

Ganhei do meu pai. "Pra quando você quiser anotar alguma coisa que te vier à cabeça, uma música, um texto, um desenho". Muy bien.

Quero introduzir uma analogia interessante, a do ponto de ônibus das ideias. Um ponto de ônibus em que vários de nós esperamos, esperávamos e esperaremos.

Impulsos criativos aleatórios nos acometem frequentemente, certo? Certo.

Mas agora imagine que esses impulsos são ônibus. Ônibus que passam muitas vezes sem você estar no ponto.

Ainda outro problema é que podemos estar no ponto, mas ônibus diferentes, com pessoas diferentes, lataria e motor diferentes, levam ao mesmo lugar do ônibus que você acabou de tomar, mas não necessariamente por ser o mais rápido é melhor; e não podemos estar em dois ônibus, certo? Não.

O que esse caderninho simboliza pra mim é a capacidade de tomar um ônibus mas ainda assim continuar no ponto.

Sim! Isso mesmo! No mesmo ponto inicial, não é que peguei um ônibus, desci na próxima estação e peguei outro; eu estou SEMPRE, em TODOS os pontos(mas infelizmente e jamais em todos os ônibus) !

Ou talvez, esse caderninho ainda seja uma carta de motorista, que me possibilita dirigir o ônibus que carrega todo mundo, por toda a cidade e além, apesar de ser improvável, afinal, se não fui instruído a tal coisa, minha intuição deve ser matadora.











Espero que entendam o que quero dizer, e gostaria que postassem nos comentários suas interpretações, se puderem me fazer esse favor.



Ah, esse texto já tá adaptado à nova norma do senhor Manuel. Só pra constar.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Improvisador.

Cada vez mais me mostro apto a me entreter e lhes enganar. Tem sido fácil improvisar uma nova história por pessoa, um novo personagem por cada vida introduzida.

Boto fé no meu taco, sei que vou ser coerente, afinal, não impressiono, não tento.

Posso coincidir com sua história, mas se desconfiar de algum relato, prossigo na mentira, e minha confiança te enganará.

É tudo que posso fazer no momento para me tornar uma pessoa mais digna e menos miserável, pois reluto em fazer o que devo; mas pra isso posso culpar alguma doença.

Tenho fé na minha criatividade. Ou talvez medo e vergonha de mim mesmo, mas não vamos falar sobre isso, né?

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sintétizopsicofobia

O que me frustra, e me torna um péssimo escritor é minha falta de capacidade de expressão pessoal.

Talvez seja por falta de habilidade de escrever, ou inexperiência.Mas sinto que provavelmente seja minha falta de habilidade de compartilhar.

Eu sinto que não posso postar um texto com três linhas para dizer como me sinto, ou que conte o que tem me ocorrido recentemente.

Eu só consigo relatar acontecimentos reais transformados e personalizados, para criar um novo universinho cheio de histórias fictícias que me apetecem; mas o fato de serem variações da minha realidade, me fazem sentir satisfeito.

Mas tudo continua me incomodando, remoendo e dilatando dentro de mim, recorrendo constantemente e bloqueando minha capacidade de sintetização.

E é horrívelmente frustrante não conseguir me livrar de certas coisas a ponto de não conseguir dizer como é não me livrar das mesmas.
E é péssimo não conseguir abstrair tudo e me livrar dessas barreiras criativas.


Preciso de ajuda pra me satisfazer criativamente, urgente.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Transplante

Irei lhes relatar uma breve história.Uma fração da vida de mais um senhor que teria sido vencido pelo tempo, se não fosse por conseguir um novo coração; um coração calibre 39.


"Alcanço o telefone que dorme debaixo de minha cama de madrugada, ligo para o número de mais um dos cartões que coleciono em minha carteira.

Logo estou dentro de um carro, que é comandado por um senhor, uma pessoa óbvia, não digna de uma descrição.

Esse senhor já sembrava impaciência pela morte, e uma certa insatisfação pela vida, cravada em seu coração por muitos anos de frustrações constantes.

Sua mãos tremiam involuntariamente, sua voz fraquejava, e seus pés já não tinham mais a força para enterrar o acelerador de seu carro, um Variant 83, devo dizer."Podem subir, gatinhas!" - é fácil imaginar essa cena (por mais que preta e branca) se repetir em alguma bela praia do litoral sul.

O senhor me relatou que constantemente era assaltado, que perdera a fé na humanidade, que não deixavam o ser humano coexistir com o que lhes é mais importante, seus bens materiais.

"Pelo menos não me tiraram meu Variantão..." - dizia inseguro, porém já seguro de que seria a próxima coisa a lhe ser retirada, seguida de sua vida, em uma tentativa de frustrar o roubo.Foi fácil reparar que o carro desacelerou, como que se seus pés estivessem cada momento mais descarregados, sem forças para levar seu 'Variantão' adiante, rumo ao seu caixão.
Mas meu destino já havia sido alcançado, e segui por meus dias.

Novamente, precisei de transporte em outra madrugada.Sabendo que esse senhor seria o único a me atender, recorri-o.
Assim como anteriormente, me sentava no banco traseiro de seu 'Variantão', e minha natureza sádica perguntou o senhor se havia sido assaltado novamente de lá para cá; e perguntei-o buscando uma história para me apatecer ao longo do caminho.

- Não, não senhor!Nunca mais!E qualquer coisa... hehe, me defendo com meu revólver calibre 39... minha belezinha... minha menininha dos olhos...

Impressionantemente, após 20 anos, seus pés voltaram a afundar o acelerador do Variant, finalmente voltara a ter forças para ouvir o canto de seu amigo de longa data, mas que há muito não pronunciava nada.

"Como ronca!" - Gritou, empolgado e seguro, sua vóz era muito mais grave e poderosa; a cena na praia era agora protagonizada por um homem duas vezes maior e mais potente.

Suas mãos não tremiam, e suas costas eram empurradas volutariamente para trás, tendo que exercer mais força para emanar o volante, com seus braços fortes extendidos, e mãos na parte superior do voltante, muito próximas; mas isso não era problema, para um jovem forte e com um coração recente.

Um revólver lhe dera 30 anos de juventude.Havia-lhe recuperado a força e segurança que necessitava para pilotar seu 'Variantão' desfrutando de todo seu potencial, e convocar garotas para 'dar uma volta'; algo banal, mas símbolo de potencia, em tempos remotos.

Em tom de voz alterado, relatou-me que continuava sofrendo que taquicardia, mesmo com seu novo 'coração'.

E com uma puxada no freio de mão, no lugar mais movimentado na cidade durante uma fria madrugada, abriu o porta luvas, e abraçou seu coração.

Desceu do carro, e pôs fim ao corpo de idoso em que sua mente selvagem vivera insatisfeita e insegura.

Porém tudo que restava-lhe, era vitimar outros por prazer; mesmo um humano vivendo em corpo de revólver, não poderia fazê-lo mudar de função.

E com o fim da munição, ele caiu no chão, agora sem força alguma, e enfim descansou para sempre."

domingo, 30 de novembro de 2008

Necessidade de Neologismos

Por quê?Pra que tal nome? "Croneologista?Que palhaço, quem esse miserável acha que é?".Não garanto, nem espero que esteja pensando assim, mas se estiver, ótimo, já tenho sua atenção.

Talvez tenha sido esse um dos objetivos, além de que, na verdade, sempre reflito sobre minha necessidade de usar neologismos para retratar certas situações que ainda não são descritíveis por certas expressões.
Vejam só, como poderia retratar um 'Neologista Crônico' de forma mais dinâmodireta? (olhem cá, que personalidade!)

Aqui abusarei da minha essência infilósofa, serei infinitamente um filósofo, e além de tudo, um juíz de tudo que me parece peculiar (ou talvez muito comum) em meu universo cheio de pateticidade, desespero e vergonha.

Um oi, e muito prazer, do seu amigo da virtovizinhança, Pedro Serapicos, ou Chöw, ou como quiser me chamar, pois isso não me cabe.

Espero que volte aqui, talvez para tomar um chá e cossentir tristezas, buscar auxílio e direção, rir da minha cara, ou se sentir seguro.
E se não se identificar primariamente, que volte, e por sorte, comece a compartilhar alguma visão, ou até mudar de opinião sobre assuntos banais, quem sabe até melhor se informar sobre algo peculiar?.

Em algum momento, encontrar-lhes-ei, num certo momento grandioso, ou vergonhominimalista, em que relatarei-os algo que merece destaque... ou não!

Calarei-me.
Adeus!